Foto: Vila de Nova Friburgo (1820), pintura de Jean-Baptiste Debret. Fonte: acervo do Centro de Documentação D. João VI - Nova Friburgo, RJ. Link: http://www.djoaovi.com.br/resultados.php?idtipo=1&idclass=7
Nada mais justo do que recontar aqui, para quem ainda não conhece, as origens de Lumiar.
A história do 5º Distrito confunde-se com a história de seu município-sede, Nova Friburgo. Por isso, para facilitar a compreensão, vou dividir esta postagem em duas partes: na primeira, falo sobre as origens de Nova Friburgo e, na segunda, conto a história de Lumiar propriamente dita.
O texto a seguir, sobre a história de Nova Friburgo, eu escrevi para alunos do 1º segmento do ensino fundamental (antigo primário). Resolvi postá-lo aqui porque ele está numa linguagem bem fácil, acessível, apesar de meio longo. Mas vale ler e conhecer um pouco mais as nossas raízes...
Origens de Nova Friburgo
No início do século XIX (anos 1800), a maioria dos países europeus estava passando por guerras terríveis provocadas pelas conquistas do imperador francês Napoleão Bonaparte, o que gerava doenças, desemprego, fome e miséria. A Suíça também passava por esses problemas.
Enquanto isso, na América, o Brasil deixava de ser colônia para ser a sede do Império Português, e o rei Dom João VI queria “europeizar” as terras brasileiras, consideradas por ele muito mestiças e cheias de costumes africanos e indígenas. Ele pensou em introduzir colonos europeus na colônia que, além de trazerem a cultura do Velho Continente para o Brasil, também marcariam o começo do trabalho livre por aqui, pois a escravidão já estava em crise.
Assim, Dom João VI e o diplomata suíço Sebastien Nicolas Gachet assinaram um acordo para a criação de uma colônia de suíços no Brasil (o decreto criando a colônia é de 16 de maio de 1818, data em que hoje se comemora o aniversário da cidade). Ela se chamaria Colônia do Morro Queimado, e se localizaria na região serrana do Rio de Janeiro, que tinha um clima mais agradável, diferente do forte calor tropical que caracterizava outros locais do Brasil. Os suíços seriam trabalhadores livres, ganhariam lotes de terra para plantar e teriam uma vila só deles, que eles administrariam. Os colonos deveriam ser católicos (pois o catolicismo era a religião oficial do Império Português), trazer esposas e filhos e ter as mais variadas profissões: agricultores, carpinteiros, ferreiros, oleiros, farmacêuticos etc.
Enquanto isso, na América, o Brasil deixava de ser colônia para ser a sede do Império Português, e o rei Dom João VI queria “europeizar” as terras brasileiras, consideradas por ele muito mestiças e cheias de costumes africanos e indígenas. Ele pensou em introduzir colonos europeus na colônia que, além de trazerem a cultura do Velho Continente para o Brasil, também marcariam o começo do trabalho livre por aqui, pois a escravidão já estava em crise.
Assim, Dom João VI e o diplomata suíço Sebastien Nicolas Gachet assinaram um acordo para a criação de uma colônia de suíços no Brasil (o decreto criando a colônia é de 16 de maio de 1818, data em que hoje se comemora o aniversário da cidade). Ela se chamaria Colônia do Morro Queimado, e se localizaria na região serrana do Rio de Janeiro, que tinha um clima mais agradável, diferente do forte calor tropical que caracterizava outros locais do Brasil. Os suíços seriam trabalhadores livres, ganhariam lotes de terra para plantar e teriam uma vila só deles, que eles administrariam. Os colonos deveriam ser católicos (pois o catolicismo era a religião oficial do Império Português), trazer esposas e filhos e ter as mais variadas profissões: agricultores, carpinteiros, ferreiros, oleiros, farmacêuticos etc.
A notícia da colônia no Brasil atraiu muita gente, fazendo com que milhares de pessoas se inscrevessem para a aventura.
Em 11 de setembro de 1819, após quase dois meses de viagem da Suíça para a Holanda (onde eles embarcariam nos navios), os suíços partiram para a grande aventura rumo ao Brasil. A viagem pelo Oceano Atlântico foi difícil, demorada e cansativa, em navios abarrotados de gente. Muitos não chegaram ao seu destino: dos 2006 colonos que embarcaram na Holanda, mais de 200 morreram durante a viagem.
Enfim, em 4 de novembro de 1819, os primeiros navios chegaram à Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Os colonos suíços ainda tiveram que viajar por mais 11 dias em carros de boi e a cavalo, subindo a Serra dos Órgãos em direção à tão sonhada Colônia do Morro Queimado.
As casas dos colonos estavam divididas em três locais, os chamados núcleos coloniais: onde existem hoje as praças Marcílio Dias (Paissandu), Getúlio Vargas (Centro) e Primeiro de Março (Village). Eram 100 casas para 100 famílias com até 8 membros cada uma, algumas construções para o comércio, uma igreja (São João Batista, para homenagear Dom João VI) e, é claro, os lotes de terra.
Na colônia, os suíços enfrentaram muitos problemas: em primeiro lugar, eram poucas casas (apenas 100), que tiveram que ser divididas entre 261 famílias, fazendo com que famílias diferentes fossem obrigadas a dividir o mesmo espaço (chamadas, por isso, de "famílias artificiais"). Essas casas eram muito simples e pobres, sem portas entre os quartos, sem vidros nas janelas e sem piso no chão, o que era um problema em dias de chuva e quando o Rio Bengalas transbordava. Outro problema era a má qualidade dos lotes de terra, com terrenos irregulares e ruins para o plantio, tornando quase impossível plantar qualquer coisa neles. E a administração da colônia, diferente do que havia sido prometido, era feita por luso-brasileiros, e não pelos suíços.
Com todas essas dificuldades, os suíços foram, aos poucos, abandonando Morro Queimado. Alguns colonos buscaram terras produtoras de café próximas, como Cantagalo, mas boa parte deles migrou mesmo para a região do Vale do Macaé, onde estão localizados hoje os distritos friburguenses de Mury, Lumiar, São Pedro da Serra e parte da Estrada Serramar. Daí a grande concentração de descendentes de colonos suíços nesta região até os dias de hoje.
Em 11 de setembro de 1819, após quase dois meses de viagem da Suíça para a Holanda (onde eles embarcariam nos navios), os suíços partiram para a grande aventura rumo ao Brasil. A viagem pelo Oceano Atlântico foi difícil, demorada e cansativa, em navios abarrotados de gente. Muitos não chegaram ao seu destino: dos 2006 colonos que embarcaram na Holanda, mais de 200 morreram durante a viagem.
Enfim, em 4 de novembro de 1819, os primeiros navios chegaram à Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Os colonos suíços ainda tiveram que viajar por mais 11 dias em carros de boi e a cavalo, subindo a Serra dos Órgãos em direção à tão sonhada Colônia do Morro Queimado.
As casas dos colonos estavam divididas em três locais, os chamados núcleos coloniais: onde existem hoje as praças Marcílio Dias (Paissandu), Getúlio Vargas (Centro) e Primeiro de Março (Village). Eram 100 casas para 100 famílias com até 8 membros cada uma, algumas construções para o comércio, uma igreja (São João Batista, para homenagear Dom João VI) e, é claro, os lotes de terra.
Na colônia, os suíços enfrentaram muitos problemas: em primeiro lugar, eram poucas casas (apenas 100), que tiveram que ser divididas entre 261 famílias, fazendo com que famílias diferentes fossem obrigadas a dividir o mesmo espaço (chamadas, por isso, de "famílias artificiais"). Essas casas eram muito simples e pobres, sem portas entre os quartos, sem vidros nas janelas e sem piso no chão, o que era um problema em dias de chuva e quando o Rio Bengalas transbordava. Outro problema era a má qualidade dos lotes de terra, com terrenos irregulares e ruins para o plantio, tornando quase impossível plantar qualquer coisa neles. E a administração da colônia, diferente do que havia sido prometido, era feita por luso-brasileiros, e não pelos suíços.
Com todas essas dificuldades, os suíços foram, aos poucos, abandonando Morro Queimado. Alguns colonos buscaram terras produtoras de café próximas, como Cantagalo, mas boa parte deles migrou mesmo para a região do Vale do Macaé, onde estão localizados hoje os distritos friburguenses de Mury, Lumiar, São Pedro da Serra e parte da Estrada Serramar. Daí a grande concentração de descendentes de colonos suíços nesta região até os dias de hoje.
A colônia foi transformada em vila em 13 de janeiro 1820 e recebeu o nome de Nova Friburgo para homenagear o cantão de origem da maioria dos suíços, chamado Fribourg (nome alemão que significa “cidade livre”). Para tentar repovoar a vila, o Brasil, que tinha acabado de conquistar sua independência de Portugal em 1822, transferiu 284 colonos alemães que estavam em Niterói para Nova Friburgo, no ano de 1824. Enfrentando os mesmos problemas que os suíços, além de serem perseguidos por serem luteranos (religião protestante), os alemães também abandonaram a colônia, buscando melhores terras no Vale do Macaé e em Amparo. Nova Friburgo foi transformada em cidade em 8 de janeiro de 1890.
Com o período das grandes imigrações para a América a partir de 1850 (o auge da imigração foi após 1880), Nova Friburgo continuou a receber imigrantes de diversas nacionalidades: além de portugueses, suíços e alemães, também vieram italianos, espanhóis, libaneses, japoneses e muitos outros, que deixaram sua herança cultural na cidade.
Com o período das grandes imigrações para a América a partir de 1850 (o auge da imigração foi após 1880), Nova Friburgo continuou a receber imigrantes de diversas nacionalidades: além de portugueses, suíços e alemães, também vieram italianos, espanhóis, libaneses, japoneses e muitos outros, que deixaram sua herança cultural na cidade.
Na próxima postagem, a 2ª parte, vou escrever sobre as origens de Lumiar... aguardem...
Abs.
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