sábado, 23 de janeiro de 2010

Festa de São Sebastião - 22 a 24 de Janeiro


Foto: capela de São Sebastião (igrejinha antiga) em Lumiar, ano 2000.
Autoria da foto: Luciana Spitz.

Quem procura informações sobre Lumiar na internet sabe como é difícil de obtê-las.
Pois bem, não fui ao distrito esses dias e, pela internet, não consegui a programação oficial da Festa de São Sebastião neste fim de semana.
O que é certo e que posso postar aqui é que costuma haver festa à noite na Ação Rural na sexta, no sábado e no domingo (dias 22, 23 e 24 de janeiro) e que vai haver um almoço comunitário no domingo (dia 24), também na Ação Rural.
Deixo aqui também o texto que escrevi sobre a festa para a edição de janeiro do jornal Eco Lumiar, desejando que todos forem ao evento curtam bastante.
Abs.

São Sebastião de Lumiar

Nesta edição de janeiro do Eco Lumiar interessante falar sobre a Festa de São Sebastião, tradicional no 5º Distrito. No dia 20 de janeiro comemora-se, no calendário católico, o dia de São Sebastião. Famoso por ser padroeiro da cidade do Rio de Janeiro – ou melhor, de São Sebastião do Rio de Janeiro –, o santo é também padroeiro de Lumiar, marcando o início do ano na vila com a festa de louvor ao santo.

Vamos a um pouquinho de história: o mártir cristão, de acordo com a Igreja Católica, teria nascido na Itália (a cidade é motivo de controvérsias entre pesquisadores), e também teria sido soldado do exército romano durante o império de Diocleciano, no século III da Era Cristã; o santo, devido à sua fé, teria sido condenado à morte varado por flechas. A escolha de São Sebastião como padroeiro de Lumiar seria devido às suas atribuições de protetor da humanidade contra a fome, as pestes e a guerra.

O terreno da igreja, no alto de um morro, foi doado por Carlos Maria Marchon, filho do colono suíço Jean-Claude Marchon, em 28 de novembro de 1893. A obra da capela começou em 1895 e a igreja foi inaugurada em 11 de outubro de 1901, sendo que a torre do sino só foi concluída anos depois. À esquerda da capela – onde hoje está a atual igreja – havia ainda um cruzeiro e um terreno onde eram realizadas as festas relacionadas à paróquia.

As festas de São Sebastião sempre foram simples, porém fundamentais dentro do contexto social da comunidade lumiarense. Pedi à minha mãe e minhas tias – excelentes e divertidíssimas fontes de informação sobre como era o distrito há cerca de 40, 50 anos atrás – que buscassem na memória as festas de sua infância, nos idos das décadas de 1950 e 1960, para escrever este texto.

Segundo elas, o dia 20 de janeiro começava com uma alvorada de fogos; ainda pela manhã havia missa; à tarde havia quermesse no terreno ao lado da capela e uma procissão; e, no início da noite, baile no barracão da Divina Providência, próximo ao campo de futebol, onde hoje há um horto.

A missa de São Sebastião, ainda celebrada em latim naquele tempo, não acontecia cedo por dois motivos: primeiro, porque havia muitas pessoas que moravam longe, se deslocavam a pé para a capela e, como de costume, almoçavam antes de sair de casa – isso lá pelas 8h ou 9h da manhã; e, segundo, porque antes da missa havia a confissão e, como não havia missa diária na vila (elas não eram nem mesmo semanais), acumulava muita gente para se confessar naquele dia.

A quermesse era semelhante às festas juninas: havia uma barraquinha com guloseimas “da roça” (simples, mas saborosas!), como pasteis, bolinho de aipim, bolo doce, cocada, brevidade (um bolinho de fécula/polvilho), chocolate quente e o famoso rabo de galo que Tia Olga Brust fazia (uma bebida com cachaça e cacau). Outras barraquinhas ofereciam jogos, como pescaria, argola (jogava-se a argola na própria prenda – garrafas de bebida, maços de cigarro e outros itens, em um tempo em que eles não eram considerados politicamente incorretos) e a barraca da preá, onde uma preazinha era colocada no centro de uma pequena arena e deveria entrar em uma das casinhas dispostas naquele espaço.

À noitinha – lembrando que, naqueles tempos, o povo acordava e dormia cedo – as pessoas iam da festa ao lado da igreja para o baile no barracão da Divina Providência, onde havia muito arrasta-pé ao som da sanfona com os comes-e-bebes no bar comandado por Tia Olga. Assim, o baile no barracão encerrava os festejos pelo padroeiro do distrito.

Na década de 1980, devido ao crescimento da população lumiarense, foi construída uma nova igreja, maior, ao lado da antiga capela. E, no ano 2000, a capelinha de São Sebastião foi totalmente reformada, graças à mobilização da comunidade, resgatando, assim, um importante patrimônio histórico que é de todos nós. A mesma capelinha foi palco, em outubro de 2009, de uma ocasião histórica: a presença de visitantes suíços, da comitiva do VI Encontro Comunitário Suíço-Brasileiro, que foram conhecer o 5º Distrito – terra escolhida por vários de seus conterrâneos para viver no Brasil, ainda no início do século XIX, na ocasião da imigração helvética para a Fazenda do Morro Queimado (atual Nova Friburgo). Ao saberem que a antiga igrejinha foi fundamental na união dos colonos e de seus descendentes, ou seja, que ela é importante na história lumiarense, o grupo musical Brass Band de Treyvaux, presente à comitiva, cantou a capella uma música em homenagem aos primeiros colonos suíços da região. Um momento tocante e inesquecível para todos os que estavam lá, fossem suíços ou brasileiros.

Hoje, em pleno século XXI, o lumiarense procura manter ou mesmo resgatar algumas tradições, como a Festa de São Sebastião, que ainda acontece todos os anos, no dia 20 de janeiro. Em tempos modernos (e de luz elétrica) os bailes, que atualmente são realizados no galpão da Ação Rural, começam e terminam mais tarde, e a festa dura mais de um dia – para que aconteça também no fim de semana, que é quando as pessoas geralmente estão de folga no trabalho. A festa adaptou-se aos novos tempos...

Independente da crença religiosa de cada um, devemos salientar que a Festa de São Sebastião, bem como a igreja e a capelinha de Lumiar, já fazem parte da história do 5º Distrito, enriquecendo ainda mais seu precioso acervo cultural. E, se a cultura é fundamental na construção da identidade social das comunidades e também na criação e manutenção dos laços sociais e afetivos entre seus membros, podemos afirmar que a Festa de São Sebastião é, sim, um patrimônio cultural lumiarense, que deve ser valorizado e preservado como tal.

Por Luciana Spitz – jornalista, professora e historiadora.

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3 comentários:

  1. TENHO CASA NESTA CIDADE E DE VEZ EM QUANDO, VOU AOS FINS DE SEMANA. cOMO SOU CATÓLICA GOSTO DE IR À MISSA, MAS A iGREJA MAIS PRÓXIMA DE MINHA CASA É A DE sÃO SEBASTIÃO, PORÉM NÃO SEI OS HORÁRIOS DE MISSA. GOSTARIA DE OBTER ESTA INFORMAÇÃO. OBRIGADA.
    mARLENE DE mATOS sANTOS

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  2. Espero obter a informação solicitada.
    Obrigada.

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  3. Boa tarde, sou Ariete de lumiar, estou em cabo frio e gostaria de informações lumiar se está td bem por ai, pois não tenho conseguido contato. obrigada
    leandro.film@hotmail.com

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