sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cabras da Serra também em Lumiar


Está de volta, em sua 3ª edição, a exposição ao ar livre Cabras da Serra. A mostra é realizada pelo Espaço Cultural São Pedro da Serra (ECSPS), que está comemorando seu 7º aniversário.

O evento também reúne gastronomia, artesanato, música, hotéis e pousadas, pois fica exposto nas ruas e no comércio local.

Todas as cabras foram criadas por artistas da região e ficarão expostas nos distritos de Lumiar e São Pedro entre os dias 21 de maio e 29 de junho, data do padroeiro do 7º Distrito, São Pedro.

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Mostra Brasilidade no Cineclube Lumiar


A Mostra Brasilidade no Cineclube Lumiar termina neste domingo, 29, a partir das 18h, e traz filmes que despertam a reflexão sobre o Brasil e a brasilidade, tendo como fio condutor o pensamento do brasileiro Darcy Ribeiro.

O primeiro filme é a produção portuguesa Os 5 Elementos, de 2009. Com 20 minutos, o filme procura absorver o pensamento social de 5 elementos da cultura hip-hop (MC, DJ, B-Boy, grafite e consciencialização) e contribuir para a compreensão social e política do cidadão da periferia. O documentário é do realizador Madjer Rashid. A censura é livre.

Logo após, é a vez de outra produção portuguesa, Fala Mulher!, de Graciela Rodriguez e Kika Nicolela. O documentário se passa em São Paulo, onde 15 mulheres descendentes de africanos falam sobre suas vidas. A censura é a partir de 16 anos.

A entrada é gratuita e o Cineclube Lumiar funciona na sede da sociedade Musical Eterpe Lumiarense (SMEL), na Praça Levy Aires Brust, s/n, centro.

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Nova Friburgo, 193 anos – um aniversário de reflexão

Nova Friburgo. Foto: Regina Lobianco.

Reproduzo aqui meu texto sobre os 193 anos de Nova Friburgo, publicado na edição deste mês de maio no jornal Eco Lumiar.

Aniversários de Nova Friburgo são sempre especiais... mas, neste ano de 2011, depois da tragédia climática de janeiro último, a festa se torna ainda mais singular e significativa para nós. Mas, antes de falarmos do presente, é importante conhecermos o passado de nossa cidade.

Curiosamente, Nova Friburgo comemora seu aniversário não no dia de sua fundação (13 de janeiro de 1820), e sim no dia em que foi assinado o acordo para a vinda dos colonos suíços para o Brasil, em 16 de maio de 1818. Controvérsias históricas à parte, forjada ou não pelo poder público no século passado, como salientam alguns colegas historiadores, o fato é que o 16 de maio já está na memória e no coração do friburguense e hoje, para todos os efeitos, este é, sim, o dia do aniversário da cidade.

A história de Nova Friburgo remonta aos tempos da colonização portuguesa, quando antes havia aqui a Fazenda do Morro Queimado. Durante o período em que a corte portuguesa foi transferida para o Brasil, o rei D. João VI, querendo introduzir o trabalho assalariado livre e buscando também “europeizar” as terras brasileiras – consideradas por ele muito mestiças e cheias de costumes afro-indígenas – assinou um acordo (em 16 de maio de 1818) com o governo suíço para a imigração de colonos daquela nacionalidade para o Brasil. A vinda dos suíços para Nova Friburgo é considerada a primeira imigração oficial de não-portugueses para a colônia.

Escolhido o local – a Fazenda do Morro Queimado, na serra fluminense pela proximidade com a corte (a colônia foi pensada como um centro abastecedor de produtor agrícolas para o Rio de Janeiro) e, ao mesmo tempo, devido a um clima tropical mais ameno – e selado o acordo entre as duas nações, a notícia se espalhou rapidamente na Suíça e, numa época em que a Europa passava por sucessivas crises e guerras provocadas pelas conquistas do general francês Napoleão Bonaparte, muitos suíços lançaram-se à aventura de tentar uma nova vida em terras desconhecidas. Por isso mesmo, ao invés das 100 famílias pensadas no acordo, embarcaram rumo ao Brasil cerca de 2006 pessoas.

A difícil travessia do oceano Atlântico teve um saldo de 200 mortos, sepultados no mar devido ao risco de contágio de doenças. Muitos ficaram viúvos e órfãos. Em 4 de novembro de 1819, quase dois meses depois da partida na Europa, os primeiros navios aportaram na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. E, apesar do esgotamento físico e psicológico da viagem, os suíços ainda tiveram que viajar mais 11 dias para chegar até a colônia, atravessando a Serra dos Órgãos.

Ao chegarem na tão sonhada colônia, os suíços começaram a se decepcionar com a nova terra. Devido ao excesso de imigrantes, as 100 casas construídas (muito simples e pobres, sem portas internas, assoalho ou piso e sem vidro nas janelas) tiveram que ser divididas entre 261 famílias. As cheias do rio Bengalas, que alagava as casas, já eram constantes naquela época. A má qualidade dos lotes de terra oferecidos também desestimulou os colonos. E, por fim, a falta de acesso à administração da colônia, feito por luso-brasileiros, fez com que muitos suíços abandonassem Morro Queimado – uns foram para as terras quentes (e com cultivo de café) de Cantagalo, ouros voltaram para a sede da corte, no Rio, e há relatos até de suíços que voltaram para seu país.

Mas a grande maioria dos colonos, após requisitarem novas e melhores terras ao já príncipe-regente D. Pedro I (a essa altura D. João VI e sua corte já haviam retornado para Portugal), foram mesmo em direção ao Vale do Macaé, onde hoje estão localizados os distritos friburguenses de Mury, Lumiar, São Pedro da Serra e parte da Estrada Serramar. Daí a grande concentração de descendentes de colonos suíços nesta região até hoje: Boy, Péclat, Schwabb, Marchon, Balmant, Spitz (que não são oriundos desta primeira imigração) e muitos outros.

A colônia foi elevada à categoria de vila a 13 de janeiro de 1820, numa tentativa de revitalizar a ex-colônia, e recebeu o nome de Nova Friburgo em homenagem à cidade de origem da grande maioria dos colonos – Fribourg (nome alemão que significa “cidade livre”). Também com o objetivo de revitalizar a vila, migraram para o local 284 colonos alemães que estavam no alojamento para imigrantes em Niterói. Enfrentando os mesmo problemas que os suíços, além de serem perseguidos pela sua fé luterana, os alemães também abandonaram a vila, buscando maiores oportunidades também no Vale do Macaé e em Amparo. Novo grupo de imigrantes alemães chegaria à Friburgo no início do século XX, promovendo uma destacada industrialização local, com fábricas como a Haga, Arp, Filó e outras.

Nova Friburgo transformou-se em cidade em 8 de janeiro de 1890 e, com o período das grandes imigrações para o Brasil a partir de 1850, recebeu imigrantes de diversas outras nacionalidades, como libaneses, espanhóis, japoneses etc., que ajudaram a moldar a atual cultura da cidade.

Este ano o município completa, segundo a data oficial escolhida para ser seu aniversário, 193 anos. E foi justamente neste ano de 2011 que Nova Friburgo sofreu uma de suas mais duras provas em seus quase dois séculos de existência – a tragédia climática de 11 e 12 de janeiro. Só quem estava presente naqueles dias na cidade pode ter a real dimensão do que aconteceu: cenário de guerra na manhã do dia 12, com sirenes de bombeiros e ambulâncias intermitentes, helicópteros cortando o céu da cidade e pessoas andando a esmo pelas ruas, sem saber como agir. Morros “rasgados” por deslizamentos, alagamentos, morte e destruição. Vi o morro da Rua Cristina Ziéde, rua paralela à Monsenhor Miranda, meu endereço por mais de 20 anos, vir abaixo. Um cenário desolador e que ainda me provoca um sentimento de angústia e perda. Doeu muito ver minha cidade daquele jeito, chorei e sofri muito, como todo friburguense, mas também dei graças a Deus por ser uma sobrevivente daquela catástrofe, considerada a maior tragédia climática já ocorrida no Brasil.

As marcas da tragédia continuam em nossas mentes e também em todos os cantos da cidade. Para onde quer que se olhe há morros que “sangraram” diante da força da natureza. Mas, por mais cruel que isso possa soar, sabemos que a vida é feita também desses “trancos”. Quem nasceu ou vive em Friburgo – ou, como eu, foi criada lá desde os 6 anos de idade – há mais de 30 anos, se assusta com o vertiginoso (e não-planejado) crescimento da cidade: diminuição da área verde, ocupação irregular, favelização, desemprego, aumento dos índices de violência, inchaço populacional, aumento da temperatura (quando criança, o uso de ar-condicionado ou ventilador em Lumiar ou Friburgo era algo impensável), degradação ambiental, etc. E a natureza está, sim, cobrando seu preço.

Que este 16 de maio de 2011, 4 meses após a tragédia que deixou marcas físicas e psicológicas profundas na cidade, possa nos trazer a reflexão do futuro que realmente queremos para Nova Friburgo. Que a catástrofe nos faça mais fortes e, assim como aconteceu comigo, fortaleça o amor que temos pela nossa cidade, renovando nosso compromisso de amor com o lugar que vivemos ou escolhemos viver, e que busquemos fazer da nossa Nova Friburgo sempre um lugar melhor de se viver.


Feliz aniversário, Nova Friburgo!


Por Luciana Spitz – jornalista, professora e historiadora

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dupla sessão no Cineclube Lumiar deste domingo, dia 15

O Cineclube Lumiar apresenta neste domingo, dia 15, dois filmes, um infantil e um documentário.
Às 16h será exibido o desenho Ponyo, uma amizade que veio do mar (Japão, 2009). De Hayao Miyazaki, criador de A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado, a animação conta a história de Ponyo, uma peixinha dourada que conhece o garoto Sosuke. Ele a leva para sua casa e decide cuidar dela. O amor e a amizade entre os dois é tão grande, que Ponyo resolve se tornar humana só para ficar mais tempo ao lado de seu amigo. A classificação é livre.
Já às 18h é a vez da exibição de Lixo Extraordinário (Brasil/Reino Unido, 2010), um documentário premiado. Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano. A classificação é livre.
A entrada é gratuita e o Cineclube Lumiar funciona na sede da Sociedade Musical Euterpe Lumiarense (SMEL), que fica na Praça Eugênio Gustavo Brust, s/n, Centro (Praça dos Correios).

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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Cineclube Lumiar - Programação de 8 de maio


O Cineclube Lumiar exibe no próximo domingo, dia 8, o filme As Viagens do Vento (Colômbia, 2009), um musical-aventura que narra a história de um homem que, ao perder a esposa, decide largar a vida de menestrel e se desfazer do arcordeão que lhe foi dado por seu mestre. Ele ruma para o norte e no caminho, ganha a companhia de um moleque que insiste em ser seu aprendiz. Juntos, os dois cruzam desertos, lagos, campos, florestas, montanhas e plantações, e percorrem a vasta diversidade cultural ligada ao acordeão no norte da Colômbia.

A classificação é para 14 anos, e a entrada é gratuita.

O Cineclube Lumiar funciona na sede da Sociedade Musical Euterpe Lumiarense (SMEL), na Praça Levy Aires Brust, s/n, centro.

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4º Encontro de Choro na SMEL no dia 7


No próximo dia 7 (sábado), a partir das 17h, a Sociedade Musical Euterpe Lumiarense (SMEL) realiza o 4º Encontro de Choro. O evento faz parte do projeto de revitalização da entidade e de sua banda centenária, fundada em 1891.

A entrada é gratuita e a participação no evento pode ser confirmada pelos telefones (22) 9888-7099 / 9705-0855. A SMEL fica na Praça Levy Aires Brust, s/n, centro de Lumiar.

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Nota de falecimento - Nagib José Pedro (1920-2011)

Postando matéria publicada no jornal friburguense A Voz da Serra de 3 de maio, sobre o falecimento de S. Nagib Pedro, figura de destaque na sociedade lumiarense, no último sábado:

Morreu na noite do último sábado, 30 de abril, no Hospital São Lucas, em Nova Friburgo, aos 90 anos, depois de complicações provocadas por uma pneumonia, Nagib José Pedro, ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Figura querida de Lumiar, onde era conhecido como comerciante e organizador do clube de futebol local, sua despedida mobilizou uma multidão que transportou o caixão a pé desde sua casa até a Igreja Católica de Lumiar, tomando suas dependências, em reverência a toda sua história de vida. A igreja é vizinha àquela em que os pais de Nagib se casaram em 1911. Antigos moradores disseram que há muito não se via um cortejo fúnebre no local.
O pai de Nagib, Júlio José Pedro, nasceu em Elsie, no Líbano, em 1889 e veio para o Brasil em 1907. Sua mãe Alcebiadina Januária Boy, nascida em 1896, era natural de Boa Esperança, localidade de Lumiar*, onde também nasceu Nagib em 1920, e é lembrada por quem a conheceu como a vovó Bidina. Entre as pessoas que se encontravam na cerimônia diversas relações de parentesco foram lembradas, o que não é de estranhar, uma vez que, dado o isolamento em que a comunidade viveu por mais de cem anos, são muitos os laços de consanguinidade.
Três bandeiras enfeitavam o caixão de Nagib, a do Brasil, lembrando seu sentimento patriótico — além de se orgulhar de sua condição de ex-combatente, sempre participava das cerimônias de 7 de setembro, na praça do centro de Lumiar, sendo apresentado aos jovens escolares como exemplo —, a do Lumiar Futebol Clube, que ajudou a reconstruir quando voltou da guerra e a do Fluminense Futebol Clube, do qual foi torcedor.
Em entrevista recente a A VOZ DA SERRA, Nagib contou muito de suas histórias, sua experiência com as tropas de burros que levavam e traziam mercadorias entre Lumiar e o centro de Nova Friburgo, a guerra e o futebol. Orgulhava-se de dizer que “em 1986, o time do Lumiar foi campeão rural e fomos para a cidade e fomos campeões lá também. Inclusive, conquistamos a taça de 60 anos da Liga Friburguense. E eu fui considerado o melhor presidente do ano”.
Antes da saída do corpo de Nagib para o Cemitério da Pedra Riscada, onde também estão sepultados sua esposa e seus pais, muita gente tinha histórias para contar. Entre essas pessoas, Jorge Barros, conhecido como Luvinha, de 64 anos, que jogou durante 15 anos no Lumiar Futebol Clube e diz que “ele era um pai para nós todos, ele era um grande pai”. Hilda Pinto tinha 6 anos “quando começou a guerra”. Diz que “a gente conheceu seu Nagib desde criança, sempre sorrindo, sempre ajudando, uma pessoa muito especial”.
Duas pessoas marcaram a cerimônia de despedida. Uma delas, José Schwaulb, de 80 anos, espécie de patriarca do grupo Sanfoneiros da Serra, que discursou lembrando feitos de Nagib, entre eles o de “mandar animais para buscar jogadores do Lumiar Futebol Clube em suas casas” para que pudessem jogar. A outra homenagem foi prestada por sua neta Laila Pedro Manhães, que leu o poema de Santo Agostinho, A morte não é nada, que tem o seguinte trecho: “Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo”.

(Mauirício Siaines)

* Boa Esperança pertence ao distrito de São Pedro da Serra.
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