Lumiar deste e de outros Carnavais...

Carnaval na SMEL na década de 1980. Acervo de Luciana Spitz.

Deixo aqui pra quem acompanha o Blog Lumiar o texto que escrevi para a edição de fevereiro do jornal Eco Lumiar, sobre o Carnaval na vila (saiu com uma foto horrorosa minha no concurso de fantasias da SMEL, mas, o que se há de fazer, né? Rsrsrs...)
Lembrando que a programação do Carnaval 2010 em Lumiar e São Pedro já foi postada aqui - vide última postagem de janeiro, de 29/01/2010.
Abs, e bom Carnaval a todos!

Lumiar deste e de outros Carnavais

E quem disse que Lumiar, por ser interior, não tem Carnaval? Quem conhece o distrito sabe que a folia de momo já faz parte do calendário da vila há muitos anos.

Segundo meu tio, o professor de História e pesquisador Manoel Antônio Spitz Sodré, existem registros da folia no 5º Distrito desde a década de 1930, com a “Micareme” – um desfile de blocos, como o Vaca Amarela, organizado por Wilson Brust e Pedro Balassi. Já na década de 1960, D. Maria Mouta e Jovenir da Costa saíam pelas ruas do distrito tocando acordeão, chamando o povo para a festa.

Além disso, Lumiar já contou com bailes de carnaval no barracão da Divina Providência (onde hoje existe um horto) e na sede da Sociedade Musical Euterpe Lumiarense (SMEL).

Minha mãe conta não ter lembrança de carnaval de rua quando era criança, mas já durante sua adolescência (década de 1960) havia os bailes no barracão da Divina Providência com muita marchinha carnavalesca, confete e serpentina – fantasia era algo raro de se ver. Além disso, sempre tinha alguém para se vestir de vaca (uma fantasia tipo bumba-meu-boi) – normalmente S. Gumercindo (o “Gó”) ou Aristides.

Lembro bem dos carnavais de minha infância, lá pelos idos dos anos 1980, no 5º Distrito: seguindo o Bloco Flor do Luar, dos Mozer, ou curtindo os bailes na SMEL.

O Flor do Luar, bloco criado há mais de 25 aos por Astrogildo Mozer, mantém a tradição até hoje de desfilar pela vila e depois se concentrar na Praça Carlos Maria Marchon. No meu tempo de criança, me lembro dos meninos vestidos com máscaras de caveiras e monstros, dos bate-bolas (com aquelas assustadoras máscaras de tela preta e pintadas, que só tinham um buraquinho no meio para respirar). Eram o terror da criançada... E ainda tinha a “mulinha” (fantasia de uma mula presa à cintura, como se a pessoa estivesse montada nela) e a “vaca” (respectivamente, Ota e Aristides), que vinham para cima da gente e também botavam a molecada para correr...

E havia também os bailes de carnaval na SMEL. Os bailes eram muito animados, com direito a concurso de fantasias infantis e tudo. Uma delícia!

Com a demolição do barracão e a interdição do salão de madeira da SMEL, a tradição do carnaval lumiarense manteve-se nas ruas. Hoje o carnaval no 5º Distrito conta com bailes populares promovidos pela prefeitura na Praça Carlos Maria Marchon (esses bailes também acontecem, em dias alternados, na Praça João Heringer, em São Pedro) e com mais blocos: em São Pedro tem os blocos da Bocaina, Paixão Azul-e-Branco, Venda da Lucinha e Estrela-do-Mar (em plena serra, bela ironia). Até 2008 tinha o Amigos e Novilhas, que acabou sendo desfeito.

Seja como for, o lumiarense busca manter viva a tradição do carnaval na vila, e oferece uma opção de folia divertida e, ao mesmo tempo, mais tranqüila do que nos grandes centros, o que sempre foi característica da festa na região: um carnaval voltado para a família.

Luciana Spitz - jornalista, professora e historiadora.

Jornal Eco Lumiar, Ano III, n. 33, fevereiro de 2010. p. 16.

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